"Noticia retirada do Correio da manha"
Há jovens que estão a fazer bombas artesanais recorrendo a conhecimentos obtidos na internet. A Polícia Judiciária de Coimbra anunciou ontem que identificou seis estudantes, com idades entre os 15 e 17 anos, que, a partir de sites da net, fabricaram duas bombas que fizeram explodir na Figueira da Foz e na Covilhã. Num dos casos, uma jovem sofreu ferimentos graves num ouvido
A mãe de uma menina de cinco anos testemunhou à Lusa um outro “ataque” que aconteceu em 2006 na Figueira da Foz. Maria João Almeida viu sete jovens atirar uma garrafa de uma janela: “rebentou no chão como um ‘cocktail molotov’”. A bomba quase atingiu a filha. Maria diz que assistiu a mais duas explosões e que identificou três adolescentes à PSP e à PJ.Segundo fonte policial, os jovens recorreram a páginas da internet estrangeiras para obter os conhecimentos. “Os engenhos são de fácil fabrico e os materiais – ácido clorídrico e alumínio – estão acessíveis a qualquer pessoa.” Nos últimos dois anos, a PJ registou dez casos semelhantes.Os dois últimos, alvo de uma investigação conduzida pelo Laboratório da Polícia Científica, verificaram-se em Junho e Outubro do ano passado. Na Figueira da Foz, quatro jovens fabricaram a bomba e fizeram-na explodir numa zona residencial da freguesia de Tavarede, pondo em risco a integridade física de uma jovem. Consequências mais graves teve o rebentamento ocorrido, em Outubro de 2006, na escola secundária Frei Heitor Pinto, na Covilhã. Dois jovens “queriam experimentar” o engenho explosivo e colocaram-no num contentor de lixo . A ‘brincadeira’ ia acabando em tragédia - uma jovem, sentou-se perto do local e foi surpreendida pelo rebentamento. “A explosão foi violenta e rebentou com o tímpano esquerdo da estudante”, acrescentou fonte da PJ. A Directoria da Polícia Judiciária de Coimbra concluiu a investigação destes dois casos e encaminhou os processos para os tribunais judiciais da Figueira da Foz e Covilhã. Os jovens confessaram aprendido a fazer as bombas na net. Quatro têm mais de 16 anos e ficaram com termo de identidade e residência.
GARRAFA COM ÁCIDO E ALUMÍNIONos casos ontem divulgados pela Polícia Judiciária, os jovens não tiveram grande dificuldade em adquirir os materiais necessários para o fabrico das bombas. Arranjaram uma garrafa de plástico de refrigerante, colocaram-lhe ácido clorídrico e alumínio e puseram-lhe a rolha. A mistura daquele ácido com folha de alumínio produz uma reacção química explosiva capaz de, além de provocar um forte estrondo, espalhar fragmentos em redor de vários metros. “Estes engenhos são muito perigosos porque nunca se sabe quando rebentam. Geralmente, a explosão é muito violenta”, alertou um investigador da PJ, salientando o facto de os jovens que as fazem também correrem “sérios riscos”.
A Polícia Judiciária está preocupada com aquilo que considera “as influências negativas” da internet. Neste caso, a situação é ainda mais grave porque alguns sites, além de explicar ao pormenor como se constrói uma bomba, mostram vídeos do rebentamento dos engenhos. As autoridades têm grandes dificuldades identificar os autores dos sites e acabar com eles “porque são estrangeiros e aparecem e desaparecem com grande facilidade”, disse fonte da Polícia Judiciária.
PORMENORESDEZ EXPLOSÕESA PJ de Coimbra refere que na Região Centro, nos últimos dois anos se registaram dez casos de explosões de bombas caseiras.
INVESTIGAÇÃOA PJ investiga a origem dos sites que explicam o fabrico de bombas. Mas eles aparecem e desaparecem da rede, o que dificulta a investigação
.NOMES SUGESTIVOS‘Como fazer bombas caseiras’, ‘Bombshock’ ou ‘Anarchist Cookbook’ são nomes de sites com informações perigosas.
CRIMEO Código Penal diz que o crime de explosão, caso o perigo seja criado por negligência, pode ser punido com pena de um a oito anos de prisão.
SENSIBILIZAÇÃOA PJ apela aos pais para estarem “atentos” e explicarem aos menores os perigos da net.
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