sábado, 21 de março de 2009


Parque da Goldra e funicular melhoram lazer e mobilidade na Covilhã
As duas estruturas foram inauguradas no último domingo, com muita gente a usufruir dos equipamentos
O elevador terá utilização gratuita e é o primeiro de outros três a construir na cidade


Largas centenas de pessoas juntaram-se na tarde do último domingo, 15, no Parque da Goldra, para assistirem à inauguração do mais recente espaço de lazer da Covilhã. Pouco antes muita gente quis ver pela primeira vez a funcionar o funicular junto às novas Escadinhas de Santo André, num dia em que três outros elevadores foram apresentados e se anunciou a inauguração da Ponte Pedonal da Carpinteira em Maio.
No total, o conjunto das três empreitadas, Parque da Goldra, Elevador de Santo André e a Ponte Pedonal, representam um investimento de 12 milhões de euros. No caso do ascensor, “uma inovação na cidade, um modelo para reproduzir, de forma a facilitar a mobilidade”, nas palavras de Carlos Pinto, presidente do município, o custo rondou os 900 mil euros, incluindo as expropriações. Junto às 162 escadinhas está o elevador, de utilização gratuita, a funcionar entre as 8h e as 21h, numa extensão de 90 metros. O equipamento permite transportar de cada vez 280 quilos ou 11 pessoas entre o cimo da Calçada Alta e o Mercado Municipal.
“Há cinco anos o que aqui estava era um espaço abandonado, degradado. Eram sete hectares de costas para os cidadãos”, acentuou, já dentro da tenda onde foram feitas as intervenções, o presidente da Câmara da Covilhã sobre o Parque da Goldra. Um espaço que Carlos Pinto considera que teve como “grande obreiro” João Esgalhado, vereador ausente no dia da inauguração, por motivos pessoais.
Parque, ponte e elevador custam 12 milhões
Durante os quatro anos necessários para executar a obra foi necessário negociar com mais de 20 famílias que tinham no local fábricas, terrenos ou casas. Em alguns casos partiu-se para a expropriação. O local vai estar permanentemente aberto, mas aos domingos há animação especial para crianças, com monitores e várias diversões, até ao final de Agosto.
Antes, a comitiva visitou as obra da Ponte Pedonal da Carpinteira, que vai unir a zona da piscina municipal à Rua Marquês D`Ávila e Bolama, perto da Rua da Fábrica Velha. Os imponentes pilares, com 180 metros de altura, estão de pé. Está-se agora a montar o tabuleiro. O interior será revestido em madeira e na saída entra-se num túnel que leva ao outro lado da estrada. Aí apanha-se o elevador que irá ser construído, com saída perto da fábrica João Inácio da Conceição. Nesse local entra-se noutro ascensor até ao Jardim Público. A ponte está orçada em três milhões de euros. O conjunto destes dois elevadores custa 1 milhão e 200 mil euros.
“Com o elevador de Santo André, a ponte e o Parque da Goldra temos de fazer três obras complementares brevemente, no plano da mobilidade para a Covilhã”, refere Carlos Pinto. Uma dessas ligações são os ascensores que facilitam a deslocação dos Penedos Altos ao Jardim Público. Outro elevador, com o qual se vence uma quota de 17 metros, vai ser montado no cimo da rua que acompanha o parque, na vertical, com saída perto da biblioteca da universidade. O concurso deve ser aberto em Abril.
Um outro funicular, com 200 metros de comprimento, está previsto para o Ramal de São João de Malta, a unir o largo com o mesmo nome à Rua Mateus Fernandes, na zona do Rodrigo. O equipamento será semelhante ao de Santo André, terá 19 graus de inclinação e fará paragens junto às habitações.
Trata-se, segundo Carlos Pinto, de um projecto antigo. Em 1989 a autarquia já tinha feito uma consulta ao mercado, mas apenas foi entregue uma proposta, demasiado onerosa. Cada um dos ascensores está orçado em um milhão e 200 mil euros. “São projectos matrizes sobre a forma como devemos resolver problemas de mobilidade numa cidade como a nossa, com muitos socalcos”, salienta o presidente da Câmara da Covilhã. Por se tratarem de obras “de grande exigência técnica”, o edil prefere não se comprometer com prazos.
Carlos Pinto fez questão de aproveitar a inauguração dos espaços para alertar para a vigilância electrónica e avisar os autores de eventuais actos de vandalismo que “serão perseguidos criminalmente”, porque “correm o risco de serem identificados”.


Deficiências vão ser corrigidas
As obras duraram cerca de quatro anos, com vários atrasos em relação ao inicialmente previsto, mas o resultado final, genericamente, agradou a quem se deslocou ao novo espaço. Embora se ouvissem muitas queixas de pais com crianças em carrinhos de bebé. Também a Associação Portuguesa de Deficientes lamentou a ausência de acessibilidades que lhes permita desfrutar do parque na sua plenitude.
Olívia Livramento queixava-se de que “não dá jeito nenhum vir ao parque com crianças de colo, exige um grande esforço extra para empurrar o carro na gravilha”. A Sandra Barros incomodam-na “as rampas em brita e os sítios onde só é possível aceder através de escadas”. “De resto, gosto do parque. Para quem tem duas pernas para andar é muito bom”. Carlos Pinto sublinha que este tipo de projectos são sujeitos ao parecer de várias entidades. Mas mostra-se disponível para fazer as alterações que se achem necessárias. “Eu próprio notei dificuldade a caminhar nesta sarrisca”.

Novo mercado pode não ser junto ao cemitério
Não é certo que o novo Mercado Municipal vá ser construído junto ao cemitério, na antiga Garagem São Cristóvão. O empreendimento foi anunciado em Março de 2008 e na altura a autarquia disse que o projecto ia estar em discussão. Vários gabinetes de arquitectura chegaram a entregar as suas propostas para o local, mas nunca foi tornada pública uma decisão.
No domingo, durante a inauguração do Parque da Goldra, Carlos Pinto informou que em breve a localização do novo mercado ia ser discutida na Assembleia Municipal. Questionado, o autarca respondeu que a Garagem de São Cristóvão nunca foi a localização definitiva e que o assunto estava em análise.

Carlos Pinto sem decisão sobre recandidatura
Num discurso onde falou de várias realizações futuras, muitos ficaram com a sensação de que a intervenção do presidente da Câmara da Covilhã foi uma espécie de pré-candidatura. O autarca disse que a Covilhã tem ainda muitos sonhos para viver e que cada um é da idade dos seus sonhos. Questionado sobre uma eventual recandidatura, limitou-se a encolher os ombros e a dizer que “quem lança as obras é a Câmara, não é o Carlos Pinto”. O edil acrescentou que ainda não tomou uma decisão, só no Verão têm de ser entregues as listas e que a escolha dos candidatos compete aos partidos. Na semana passada a concelhia do PSD covilhanense disse que o actual presidente do município é o “candidato natural”.

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