António Capucho é um dos fundadores do PSD e um dos vencedores das últimas autárquicas. Não quer um único candidato para a nova liderança do seu partido nem vê problema num debate interno com muita vivacidade nestes meses que decorrem até à substituição de Manuela Ferreira Leite
Em Março de 2008 disse que o PSD devia concentrar-se mais em fazer oposição ao Governo e menos nas questões internas. É uma posição que continua actual?
Continua actual, embora neste momento o PSD tenha de se preocupar com a questão interna da sucessão e preparar-se para a encontrar.
Esta liderança está mesmo condenada?
Estou a partir do pressuposto do que disse Manuela Ferreira Leite, de não se recandidatar.
Não acredita que venha a surpreender?
Não acredito que nos possa surpreender e faço fé nas declarações públicas de vice-presidentes do partido que assim o indicaram.
Considera que não seria a melhor líder para este novo período pós-eleitoral?
Não faço comentários sobre isso porque não vale a pena especular, nem o farei a propósito de outros nomes enquanto não mostrarem a disponibilidade para se candidatarem.
Aguiar-Branco parece estar disponível.
Não. Que eu saiba, neste momento, há um candidato manifestamente assumido: Pedro Passos Coelho. Não conheço mais nenhum.
Será o único a entrar na corrida?
Admito que possam surgir outros, Aguiar-Branco e Marcelo Rebelo de Sousa. Há vários militantes do partido com experiência governativa e credibilidade pública para esse cargo. Veremos se têm disponibilidade?
Não fala em Paulo Rangel...
Não, porque declarou que não quer. Admito que seria um candidato com boas credenciais, já mostradas nas eleições e na bancada do PSD.
Como player, está a guardar-se?
Acabou de ser eleito para o Parlamento Europeu e não acha o momento oportuno. É uma explicação plausível e aceitável.
No caso de Marcelo Rebelo de Sousa, quereria, mas não estão reunidas condições?
A condição sine qua non seria haver um entendimento ou um consenso generalizado à sua volta, e isso não acontece porque existe Pedro Passos Coelho. Não me parece uma justificação satisfatória para quem tem ambição legítima de ser presidente do PSD afastar-se, tendo condições, credibilidade e currículo. Ou seja, querer disputar as eleições sozinho. Admito que possa mudar de opinião.
Apesar de acusar os barões do PSD de minarem a vida partidária. É uma desculpa?
Não sei, acho que é uma visão muito redutora do que é o PSD. É normal que à volta de putativos candidatos à liderança se alinhem apoios, e eu próprio, quando tiver o quadro completo, não deixarei de apoiar um deles. Não acho isso perturbador para a unidade do partido.
Não era previsível que um partido com tantas figuras históricas e graúdas entregasse o poder a um dos mais novos?
É perfeitamente normal. Hoje em dia, ou se tem um grande espírito de dedicação ao partido e de envolvimento cívico na sociedade, ou procura-se outra ocupação que não seja a política.
A escolha de Pedro Passos Coelho não decorre dum efeito mimético com Sócrates?
Não vejo grandes afinidades entre Passos Coelho e José Sócrates senão na juventude. Não me parece que se norteie a escolha do próximo líder do PSD por aquele que mais facilmente se aproxime da personalidade de Sócrates, até porque duvido que este venha a ser o próximo competidor do PSD para a disputa do cargo de primeiro--ministro.
Não crê que Sócrates tenha futuro como primeiro-ministro após esta legislatura?
Não é muito normal repetir depois de um segundo mandato, isto se levar este mandato até ao fim. De resto, há quem no PS esteja a pensar limitar o número de mandatos do primeiro-ministro…
O próprio José Sócrates.
Por isso mesmo, admito que, se chegar ao fim destes quatro anos, possa ser outro. Mas não é mais do que uma previsão ou um palpite.
Surpreendeu-o que ganhasse as eleições?
Não ganhou, antes houve uma conjugação de factores que o serviu. Embora tenha ganho de forma pouco expressiva, como aconteceu, foi o partido que ficou em primeiro lugar. Só me surpreendeu que o PSD nas eleições para o Parlamento Europeu tenha ficado claramente à frente do PS e nas legislativas não o conseguisse. Evidentemente, são eleições de natureza diferente mas teve o mérito de conseguir ultrapassar Manuela Ferreira Leite na recta final.
Um mérito que foi mais de Ferreira Leite.
Manuela Ferreira Leite não teve mérito nenhum. Perde, assume a quota-parte de responsabilidade, e o mesmo acontece com a direcção do PSD e com o partido inteiro. É preciso reconhecer que, quando se ganham umas eleições, não é apenas pela qualidade da campanha e dos méritos dos candidatos, há um conjunto de factores onde também os adversários contam.
Houve ausência de credibilidade?
Não da parte da Manuela Ferreira Leite. A transmissão da imagem e as vicissitudes da campanha não foram favoráveis. Mas não apenas, também na oposição verificámos que o Bloco de Esquerda, que retirou votos ao PS, não teve o mesmo impacto nas autárquicas.
O próprio CDS também tirou votos ao PSD?
Admito que sim, pois o líder do CDS teve uma campanha bastante dinâmica, com propostas alternativas muito viradas para um eleitorado de direita e que colheram num eleitorado do PSD.
Não receia que o CDS consiga tirar cada vez mais votos e ser o partido de direita?
Não. Que haja à direita do PSD um partido forte como o CDS não me preocupa, é útil. É um parceiro preferencial do PSD em governos de natureza local, como acontece aqui em Cascais e também no Governo, como já aconteceu no passado e, estou convencido, acontecerá no futuro. Mas o partido hegemónico na faixa do centro-direita e direita continuará a ser o PSD, a não ser que cometa haraquiri. Não acredito que o vá cometer nas próximas eleições internas.
Nem com a profusão de candidatos?
Está a especular-se muito à volta da liderança de uma forma que considero desgostante. Haver só um candidato à liderança é coisa que acontece nos partidos totalitários, e a riqueza interna dos partidos interclassistas aponta para que surja mais do que uma candidatura. Isso é saudável.
Mas esta não é uma situação de excepção?
Não é situação de excepção! Uma situação de excepção, e que perturba o PSD, é depois de escolhido o líder haver diferenças de opinião expressas de forma excessiva e corrosão interna.
Mas Manuela Ferreira Leite tinha um perfil que parecia ir pôr ordem na casa.
Tem óptimas qualidades de liderança, mas só perdemos tempo ao insistir na hipótese de ter uma liderança com Manuela Ferreira Leite, se não está para aí virada. Agora é para os militantes que nos devemos voltar, e cada um terá a sua preferência. Se surgir só uma, não será positivo para o PSD. Não nego a Marcelo o interesse que possa ter, em casos de excepção, um grande conclave entre as figuras do partido no sentido de tentarem acertar uma candidatura de consenso, mas isso não obstaculiza a que apareçam outras. É um processo normal na formação da vontade dos militantes para a escolha da liderança.
Refere os militantes, mas esse não é o seu caso. Teve grandes responsabilidades no PSD e uma grande vitória autárquica...
Sou um fundador do PSD, com um currículo diversificado e relevante - não nego isso, sem falsa modéstia - e terei o papel que sempre tive nas eleições: emito a minha opinião publicamente. De facto, muitos grandes dirigentes do partido a nível local reforçaram a sua votação nas autárquicas e acho que representam uma força política de dimensão subaproveitada dentro do PSD.
O que quer dizer com subaproveitada?
Na medida em que pela nossa implantação no terreno temos uma representatividade em termos políticos e democráticos que não tem sido suficiente ou convenientemente aproveitada.
A sua estratégia foi coligar-se com o CDS. Essa podia ter sido uma solução prevista por Ferreira Leite para as legislativas?
Sim, foi essa a minha opinião. Emiti-a oportunamente, no seguimento de coligações similares que já tiveram lugar, a primeira das quais quando era secretário-geral, e fui o seu principal negociador. Tivemos sucesso com Sá Carneiro e mudámos, pela primeira vez, a tendência do País de governar à esquerda para governar com uma coligação centro-direita. Mas não foi essa a opinião maioritária do partido. Não me ouviram criticar, mas não me parece que tenha sido a melhor solução, provavelmente teríamos hoje o primeiro-ministro.
O Governo não conta com o apoio do PSD. Não teria sido uma boa estratégia encontrar uma plataforma de entendimento em vez de dizer simplesmente não?
Com este Governo não dissemos simplesmente "não", mas "ganharam as eleições, apresentaram um programa que não tem a ver com o nosso, e o País entendeu proporcionar--lhes maioria relativa: compete-lhes governar". O Presidente da República empossou-os, como não podia deixar de ser, e fizeram aquele rodriguinho de propor coligação desde o Bloco de Esquerda até ao CDS, o que me pareceu caricato.
Acha que não foi um gesto democrático?
Não é democrático, é caricato! O PS, se queria fazer uma coligação, tinha de escolher quem seria o seu parceiro. À esquerda ou à direita? Tinha de tomar uma opção política e não propor a coligação à esquerda e à direita ao mesmo tempo. Não pode ao mesmo tempo propor a Paulo Portas o mesmo que está a propor a Francisco Louçã, não me parece que seja razoável. Sócrates não queria fazer coligação com ninguém e queria apresentar o programa que apresentou.
Os analistas dizem que o programa do PS e o do PSD são muito parecidos!
Serão comentadores pouco avisados e atentos. Não há uma diferença abissal entre orientações estratégicas e políticas - o que estou a dizer não é pecaminoso -, mas há diferenças substanciais. E, portanto, não há da nossa parte uma submissão ao PS, muito especialmente ao liderado por Sócrates.
Após o programa, surge o Orçamento. O PSD vai ter uma atitude mais drástica?
Se o programa passa, obviamente o PSD tem de ter em conta que o viabilizou. Apesar de tudo, o Orçamento tem uma configuração diferente, e após a votação na generalidade, em que se poderá abster, ao baixar à comissão, há que tentar melhorá-lo. A questão fundamental é que deixe de ser um orçamento artificial e que os partidos da oposição estejam atentos à contabilidade criativa, que não pode prevalecer neste documento. Estou convencido de que o PS vai ser receptivo a ajustamentos no Orçamento que permitam aos partidos apresentar propostas coerentes e construtivas e ver as suas sugestões acolhidas. Teremos, provavelmente, uma versão final com um Orçamento de rigor por imposição das oposições, que não corresponderá à proposta inicial do Governo, e se isto acontecer, o mais provável é que o PSD não vote contra o Orçamento.
Será um orçamento em que deverá aparecer o TGV, o novo aeroporto e as grandes obras públicas. Deve avançar-se nelas?
Não. Sou absolutamente contra algumas das grandes obras públicas e estou convencido de que não se farão.
O caso do TGV e do aeroporto?
Se se demonstrar que o actual aeroporto não comportará o aumento do fluxo aéreo previsto, sou favorável. E espero ter um comboio directo daqui até lá, como previsto pela Refer e CP numa hora e oito minutos. Em relação ao TGV, o importante é acelerar e melhorar a linha existente.
Não é estranho que o comboio venha de Paris e pare em Badajoz, deixando Portugal separado da Europa?
Não tem de estar separado da Europa! A questão é se, com o endividamento do Estado e as contas públicas actuais, é possível e prioritário o investimento público ser encaminhado para aí. E a minha convicção é de que não é prioritário, longe disso. Para combater a crise, à semelhança do que outros países fizeram, não é através de obras megalómanas mas das pequenas, nomeadamente através das autarquias, que as podem fazer mais depressa e melhor.
Tem essa opinião porque é autarca?
Tenho essa opinião porque sou autarca e sei exactamente para que servem as auto-estradas antes de fazerem as obras nas estradas que são do Estado e muito mais urgentes. Porque sou autarca, sei como estão as escolas secundárias que são do Ministério da Educação e como não se investe a sério na habitação social.
O exemplo das auto-estradas e das grandes obras já se colocou no Governo de Cavaco Silva e foi um motor do desenvolvimento.
Admito que sim, só que estamos a falar em grandes obras em tempo de vacas gordas, na altura, e grandes obras em tempo de vacas magras, agora. Tudo tem o momento próprio, mesmo que uma ligação directa de Lisboa à Europa através de Madrid seja importante.
Designadamente para Cascais?
Não vejo que tenha tanto interesse para Cascais, que já tem um boom de visitantes espanhóis graças a uma auto-estrada que tem uma utilização absolutamente deficitária mas que nos é muito útil, aquela que transporta de Badajoz para Lisboa visitantes de toda a Extremadura Espanhola e de Madrid.
Acredita que José Sócrates vai acabar a legislatura de quatro anos?
Sinceramente, espero que sim. Não depende só do primeiro-ministro, mas de várias circunstâncias. Infelizmente, já começo a ver que se está a vitimizar na perspectiva de ter um cenário Cavaco Silva 2. É uma situação que conheço bem porque era líder parlamentar de Cavaco Silva quando estava num Governo minoritário e assisti à demissão do Executivo, que, a partir daí, passou de 30 e tal por cento para 52%. Só que ele não precisou de se vitimizar para o eleitorado castigar quem tinha deitado abaixo o Governo, o PS e o PRD. Já começo a ver alguns sinais de procura de vitimização, que nem são novos, porque já vêm da legislatura anterior.
Acha que José Sócrates aprendeu bem a lição de Cavaco Silva?
Não aprendeu - penso que tem tudo menos de parvo - e sabe perfeitamente que o eleitorado não gosta que se dispute o poder de forma violenta ou ilegítima a quem o recebeu democraticamente. Para o interesse nacional, era útil que fizesse o seu trabalho e tivesse em linha de conta que é um Governo minoritário. Não afino pelo diapasão dos que dizem que, pelo facto de ter apresentado o mesmo programa, está a ser arrogante. É normal que o tenha feito, reconhecendo que depois não vai poder aplicá-lo porque durante o Orçamento vai ter condicionantes graves. Se não governar arrogantemente e tiver em conta, com a habilidade e a ajuda de Jorge Lacão no Parlamento numa postura diferente do que teve o antecessor, admito que possa governar quatro anos.
As relações entre Cavaco Silva e José Sócrates não favorecem o ambiente político?
Até agora apareceu uma ou outra crispação, que é normal entre duas pessoas que têm responsabilidades de natureza diferente, legitimidades diversas e pensamentos políticos não coincidentes. Mas, no essencial, o bom ambiente criado ultrapassou as minhas expectativas nas relações entre os dois. O primeiro-ministro e os membros do Governo, que nem sempre são muito simpáticos publicamente, têm tido com o Presidente da República uma atitude extremamente construtiva. O próprio Presidente da República, como se viu no discurso de posse, tem uma atitude construtiva. Ou seja, as relações serão melhores do que se está a imaginar.
Houve um "melhor comportamento" por parte de Cavaco Silva ou de Sócrates?
Dos dois. Reconheço que Sócrates teve sempre uma atitude respeitadora quando surgiu uma pequena fricção e há total reciprocidade da parte do Presidente da República.
O episódio das escutas esticou ao máximo a corda da relação entre ambos?
É um episódio que poderia indiciar junto da opinião pública comportamentos menos correctos por parte do Governo. Não foi essa a intenção do Presidente da República, foi um episódio infeliz e que poderia ter sido evitado.
Infeliz da parte de Cavaco ou de Sócrates?
Da parte da Presidência da República, que o levantou. Mas mesmo esse, que foi um incidente com alguma gravidade, foi superado de forma diplomática pelos dois. Cumpriram o seu papel como homens de Estado.
Os esclarecimentos de Cavaco Silva, embora tardios, resolveram a questão?
Acho que sim porque deixámos de falar no assunto. Se me pergunta se percebi alguma coisa daquilo, não percebi nada. Mas também não quero perceber e tenho mais para me entreter.
Na altura disse que não era um "disparate de Verão". Foi muito assertivo na questão.
Fui e mantenho. Não posso partir do pressuposto de que o Presidente da República levanta um problema sem fundamento. Há, no entanto, questões de Estado que devem ser tratadas com muito discrição e não na praça pública.
Discrição mesmo depois do e-mail que foi revelado sobre um assessor do Presidente a encomendar uma notícia?
Claro que não há discrição a partir do momento em que é revelado. Acho que a opinião pública tem o direito de saber e de perceber, porque o cidadão comum não gosta de ficar mal esclarecido sobre uma questão que teve foros de grande relevância, e, por isso, o Presidente fez uma declaração solene. Não sei se o assunto está arrumado, nem quero saber. Quanto às escutas ilegais, não me passa pela cabeça que possa haver em lugar algum.
É membro do Conselho de Estado. Para a instituição foi uma grande preocupação?
O Conselho de Estado só se pronuncia quando é perguntado pelo Presidente da República. Não foi, portanto, enquanto membro, não tenho opinião sobre a matéria.
Como conselheiro do Estado viveu uma situação complicada enquanto Dias Loureiro não se demitiu. Serviu de exemplo para tantos casos que estão a acontecer?
Não sei se serviu de exemplo. Perante essas situações concretas, não resta outra solução senão a atitude que tomaram já alguns dos que estão visados em processos. Não se trata de exemplo, mas de ser para a opinião pública inexplicável que uma pessoa envolvida de forma grave, sem prejuízo da presunção da inocência, não suspenda as funções.
Não são demasiados casos de corrupção?
É espantoso o que parece ser uma ambição desmedida e um comportamento à revelia das mais elementares regras da ética que verificamos num número não despiciendo de responsáveis empresariais, e não só. Entristece-me como cidadão e é importante que a justiça faça o seu trabalho com celeridade. E aí, tenho algumas dúvidas de que o consiga fazer com os meios que tem.
Meios ou por causa de outras razões?
A justiça portuguesa não é influenciável, minimamente. Além dos meios, há a legislação e um garantismo, porventura excessivo, de liberdades individuais.
Quando o caso Freeport esteve mais aceso, criticou o PSD por não pegar nessa bandeira.
Houve uma fase em que, manifestamente, o PSD não se pronunciava sobre a situação e era suficientemente grave para ter uma opinião. Por razões que ignoro, houve um silêncio que me desagradou porque permitiu que dissessem "aqui há gato, se o PSD está calado".
Quando semanas depois o PSD só falava de asfixia democrática.
Não confundamos! A asfixia democrática resulta de um conjunto de exemplos que vivemos em todo o País, de altos funcionários da máquina administrativa do Estado que tinham comportamentos persecutórios inaceitáveis. De resto, o líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, bem o denunciou em várias circunstâncias.
Mesmo quando Mário Soares diz que Sócrates foi uma das pessoas mais perseguidas desde o 25 de Abril...
Não vou analisar os comentários de Mário Soares, que me merece o maior respeito pessoal e político. Evidentemente que se estava a referir ao facto de Sócrates ter sido envolvido no processo Freeport, que criou suspeições na opinião pública.
Sem comentários:
Enviar um comentário